Chamada para trabalhos | Segurança, Defesa e Forças Armadas
Coordenadores
Ana Romão (Academia Militar; CICS.NOVA)
Maria da Saudade Baltazar (Uévora; CICS.NOVA)
Nuno Poiares (I.S. Ciências Policiais e Seg. Interna)
Defesa e Segurança em sociedades polarizadas: que desafios?
Na ideia de polarização cabe todo um conjunto de clivagens sociais e visões radicalizadas que ora emergem no espaço político partidário, ora ecoam a partir de movimentos inorgânicos (vejam-se os negacionistas) e também se vão propagando noutros contextos e interações da vida quotidiana. O universo digital é por excelência o palco privilegiado deste fenómeno, sendo ao mesmo tempo condição da sua extraordinária ampliação. Na análise da situação nacional, o Relatório Anual de Segurança Interna (RASI, 2021), realça precisamente a atividade de atores, domésticos e externos, em ações de desinformação e propagação de teorias da conspiração de que resultam narrativas extremistas antissistema.
O inquietante não é, obviamente, a contestação social, a divergência de visões e de pontos de vista. É, como se diz na call geral do XII Congresso, a “fragmentação crescente da sociedade em torno de questões cruciais para o futuro coletivo da humanidade” que convoca o olhar sociológico. É compreender os potenciais efeitos desse movimento nas interações, nas práticas sociais e nas instituições que estruturam a vida coletiva. É compreender como fenómenos de exclusão social e de acesso ao bem-estar, incluindo acesso à segurança em sentido lato, concluem para a polarização tóxica.
Durante a pandemia, muitas vezes se usaram as metáforas da guerra em alusão à gravidade da situação e em apoio das medidas de exceção que foi necessário acolher. Forças Armadas e Forças de Segurança foram empenhadas em missões de apoio de largo escopo, com forte presença no espaço publico. Sucedeu-se a invasão russa da Ucrânia, agitam-se os temores do uso de armas nucleares, bem como das consequências globais da guerra. As questões da Defesa, amplamente mediatizadas e impactadas pela lógica no ciberespaço, e o próprio papel das Forças Armadas ganham, neste contexto, um outro sentido ao mesmo tempo que suscitam novos desafios.
Com o intuito de refletir sobre os desafios que no contexto de sociedades polarizadas se colocam à Segurança e à Defesa, convidamos sociólogos/as, investigadores de outras áreas e profissionais do campo a partilhar conhecimento e experiências de trabalho relevantes. A título de exemplo, serão bem-vindas as propostas que abordem temáticas como:
- Tensões geopolíticas e políticas securitárias
- Guerras, missões de apoio à paz e (re)construção pós-conflito
- Direitos humanos, ação coletiva e segurança pública
- Direitos humanos e ensino policial e militar multicultural
- Opinião pública e Confiança nas instituições militar e policial
- Discursos de ódio e expressões de radicalização nas redes sociais
- Perceção social dos riscos de (in)segurança
- Intersetorialidade e questões securitárias
- Formas de recrutamento e profissionalização do efetivo militar e policial
Os trabalhos a apresentar podem assumir o formato de comunicação oral, posters ou documentos visuais como curtas-metragens ou pequenos filmes centrados em projetos ou intervenções. Estas propostas, não obstante as diferenças entre contexto académico e contexto não académico, devem ser formuladas considerando um enquadramento teórico, objetivos, metodologias utilizadas, diagnóstico, resultados e conclusões.
A ST poderá depois selecionar a(s) melhor(es) comunicações para serem propostas para publicação na revista SOCIOLOGIA ON LINE
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