Call | Globalização, Política e Cidadania

Chamada para trabalhos |Globalização, Política e Cidadania

Coordenadores

Fernando Bessa Ribeiro [ UTAD ]

Alcides Monteiro [ UBI ]

João Carlos Graça (ISEG-UL)


Globalização, Política e Cidadania é uma secção temática interessada no debate crítico sobre as dinâmicas globais, com uma especial atenção para os impactos que os conflitos e problemas colocam aos cidadãos e aos Estados. Envolvendo múltiplos campos (sociais, económicos, ambientais e culturais), esta área temática procura beneficiar dos contributos teóricos e empíricos de sociólogos e outros cientistas sociais que trabalham sobre globalização, políticas e cidadania nas mais diversas geografias e escalas.

A mudança é um tópico frequente na sociologia, suscitando debates e impulsionando muitas investigações. Em 2020 a pandemia foi vista como o principal estímulo para a transformação geral, económica, social e política. Nos mais diversos campos, da política, passando pela economia até aos media, produziram-se argumentos que procuravam identificar dinâmicas irreversíveis que iriam mudar as condições materiais de existência e os modos de vida. Hoje percebemos que a mudança não tem como alavanca a pandemia, não obstante ela interpelar no campo sanitário os impactos produzidos pela humanidade no ambiente, colocando também no debate a relação entre natureza e sociedade. Mas o mundo está a mudar. Multiplicando-se as polarizações políticas e sociais em muitos países, nomeadamente na Europa e nos Estados Unidos da América, envolvendo também disputas religiosas, como no Brasil, na Índia e no Irão, a mudança foi há muito percebida pelos que se interessam pelo estudo do sistema mundial capitalista e suas dinâmicas. De modo cada vez mais nítido, observa-se que somos contemporâneos de um período histórico raro mas excecionalmente inquietante, caracterizado pela transferência de poder, conhecimento e riqueza do Ocidente para o Oriente, com conflitos “quentes” e “frios” envolvendo os Estados Unidos da América, a China e a Rússia – esta é a oponente menor, mas com a força que lhe é conferida pela posse de um enorme arsenal nuclear. Produzindo uma literal “chamada às armas”, esta disputa pela hegemonia, que a história nos ensina, desde as lutas entre Atenas e Esparta, conduzir ao confronto militar direto entre os rivais, ocorre num quadro marcado pela crise sanitária e a crise ambiental. Por outras palavras, pandemia, guerra e devastação ambiental são expressões dolorosas do nosso tempo, obrigando a colocar no centro do debate sobre globalização, política e cidadania os riscos quer da catástrofe ambiental, quer da catástrofe nuclear. Se os problemas ambientais impelem os governos a multiplicar as suas ações, mostrando a força do Estado-nação, precipitadamente dado como esgotado, nunca como desde a crise dos mísseis em Cuba (1962) nos confrontamos com a assustadora proximidade da catástrofe atómica. Se todas as transições de hegemonia foram marcadas pela guerra, a que se desenrola diante dos nossos olhos assume uma tonalidade aterradora, pois o arsenal atómico disponível é largamente suficiente para destruir a humanidade e boa parte das mais diversas formas de vida.

Pretende-se que as propostas de comunicação que se inscrevem nesta área temática sejam construídas a partir de diferentes enfoques teóricos e metodológicos, podendo ser sustentadas por pesquisas empíricas, nomeadamente em contextos não-europeus, e considerando um dos seguintes tópicos:

  1. Crises, guerras e a recomposição do mundo;
  2. “Corrida” aos armamentos, Estado e as políticas para a paz;
  3. Riscos ambientais, Estado e os movimentos sociais;
  4. Ação pública e a força do Estado-nação nas crises;
  5. Conflitos polarizadores, violência política e discursos de ódio e desqualificação social.

Serão aceites posters e documentos visuais como curtas metragens ou pequenos filmes centrados em projetos ou intervenções. Estas propostas, não obstante as diferenças entre contexto académico e contexto não académico, devem ser formuladas considerando um enquadramento teórico, objetivos, metodologias utilizadas, diagnóstico, resultados e conclusões.

A ST poderá depois selecionar a(s) melhor(es) comunicações para serem propostas para publicação na revista SOCIOLOGIA ON LINE.

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